terça-feira, agosto 23, 2005

A credulidade e o golpe que vai estando … estando …


O constante golpe de Estado que se vive em Portugal vai para trinta anos “furou o lençol”, revelando a sua magnitude em dois momentos cruciais: (i) a morte de Sá Carneiro, e (ii) o processo Casa Pia na sua envolvente política.
Em ambos os casos, a utilização da “normalidade das instituições”, “o que deve ser”, empurrou a trama para os tribunais, fazendo uso da burocracia; não há culpados mas apenas suspeitos (o que é uma contingência não essencial a um golpe de Estado, pois é útil uma condenação); ninguém está na posse da totalidade das informações necessárias ao deslinde.
Há, pois, uma utilização perfeita da democracia e das suas instituições – designadamente, do poder judicial – para a respectiva destruição subterrânea, e que ela não pode senão candidamente suportar: ou se deixa destruir lentamente como arma de arremesso contra si própria, ou autodestrói-se rapidamente.
A técnica do golpe de Estado constante (e não latente) não é, pois, muito diferente da mina profunda do terrorismo.

sexta-feira, agosto 05, 2005

Dos Fogos: «Indústria dos Incêndios»

«A evidência salta aos olhos: o país está a arder porque alguém quer que ele arda. Ou melhor, porque muita gente quer que ele arda. Há uma verdadeira indústria dos incêndios em Portugal. Há muita gente a beneficiar, directa ou indirectamente, da terra queimada.

Oficialmente, continua a correr a versão de que não há motivações económicas para a maioria dos incêndios. Oficialmente continua a ser dito que as ocorrências se devem a negligência ou ao simples prazer de ver o fogo. A maioria dos incendiários seriam pessoas mentalmente diminuídas. Mas a tragédia não acontece por acaso.»

Mais aqui com texto de José Gomes Ferreira, Sub-director Informação da SIC.