Good morning Vietnam!
Com verdadeiro pasmo, assisti ontem ao “directo” de libertação de Paulo Pedroso. Por momentos temi que, dada a demora da estrela em aparecer e o atraso do concerto, a RTP 1 fosse recuperar, em jeito de “jingle” retrospectivo, as imagens da saída de José Lamego, o primeiro dos primeiros a sair, já no Novo Estado (ou Estado Novíssimo).
Filmou-se a fechadura da porta do EPL em grande plano; os familiares de outros reclusos que, se calhar, nem queriam sê-lo; e, eis senão quando, alguém grita: “Vai sair pelo portão e já vejo um vulto lá por trás!”.
Triste sina a nossa. O Parlamento ficou vazio (justificar-se-ão as faltas? Espero que sim, isto não é ir à bola...). Populares em massa juntavam-se para ver sair Paulo Pedroso, como se este representasse um cristo ou um C. Bendit que é imperioso seguir, que renovará o sistema, que trará justiça, mas, acima de tudo, que simbolizaria uma causa.
Sim, uma causa. Talvez seja disso que se sente falta. Ou, mais do que da causa, de lutar por ela de forma fácil, emotiva, que não dê muito trabalho mas nos permita não trabalhar por umas horas, sonhando com o novo mundo.
Mas as causas estão aí. Todas. É verdade que é trabalhoso lutar por elas – e sempre podemos delegar essa luta na televisão, para mais, com uma vantagem sublime: podemos depois dizer mal dos lutadores contratados, afirmando “ao menos eu fui lá, vi-o, bati palmas! Mas depois houve um animal que parou em segunda fila e me bloqueou o carro! As pessoas são umas bestas (vai na volta era o carro de um jornalista).”
E à noite, deliciamo-nos com os telejornais, ouvindo repetidamente aquela frase que concentra toda a emoção de um dia em que temos a sensação de ouvir um antigo vinil que, afinal, é um CD demasiado bem produzido: “Aí está, Paulo Pedroso sai de carro, camisa azul e gravata de côr”.
Filmou-se a fechadura da porta do EPL em grande plano; os familiares de outros reclusos que, se calhar, nem queriam sê-lo; e, eis senão quando, alguém grita: “Vai sair pelo portão e já vejo um vulto lá por trás!”.
Triste sina a nossa. O Parlamento ficou vazio (justificar-se-ão as faltas? Espero que sim, isto não é ir à bola...). Populares em massa juntavam-se para ver sair Paulo Pedroso, como se este representasse um cristo ou um C. Bendit que é imperioso seguir, que renovará o sistema, que trará justiça, mas, acima de tudo, que simbolizaria uma causa.
Sim, uma causa. Talvez seja disso que se sente falta. Ou, mais do que da causa, de lutar por ela de forma fácil, emotiva, que não dê muito trabalho mas nos permita não trabalhar por umas horas, sonhando com o novo mundo.
Mas as causas estão aí. Todas. É verdade que é trabalhoso lutar por elas – e sempre podemos delegar essa luta na televisão, para mais, com uma vantagem sublime: podemos depois dizer mal dos lutadores contratados, afirmando “ao menos eu fui lá, vi-o, bati palmas! Mas depois houve um animal que parou em segunda fila e me bloqueou o carro! As pessoas são umas bestas (vai na volta era o carro de um jornalista).”
E à noite, deliciamo-nos com os telejornais, ouvindo repetidamente aquela frase que concentra toda a emoção de um dia em que temos a sensação de ouvir um antigo vinil que, afinal, é um CD demasiado bem produzido: “Aí está, Paulo Pedroso sai de carro, camisa azul e gravata de côr”.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home