domingo, novembro 02, 2003

WeltPolitik

Pelo simples facto de termos aparecido no papel Time e no El Pais ficamos um «país deprimido», «derrotista», «depressivo» e com a «alma pintada de preto». [No fundo o que o El Pais quer dizer é que nós, enquanto Estado, não temos capacidade de nos organizar e, por conseguinte, de existir enquanto entidade independente e soberana.][Quanto à Time a jornalista em afirmações ao Periscópio-Quatro declarou que «estava bêbada quando escreveu aquilo» e, para além disso, recebeu uma «mala tipo pele com euros» dos «importadores de carne do Norte» visando a promoção do cluster de Bragança]

Temos perante nós uma «profunda crise institucional», um «descrédito das instituições» e uma «deriva mediática».[Não será partidária?][O outro sintetizou a coisa de outra maneira: «tens o pé numa galera e outra no fundo do mar»]

Os Portugueses sentem «o Estado a desagregar-se», as «instituições a ruírem», o «país real a desaparecer».[Sobe a audiência!] [País real: franja da população devota à causa monárquica]

Portugal, na opinião de uma mínima percentagem da sociedade, está podre porque um deputado da nação, um apresentador de televisão, um médico pediatra, um advogado, um diplomata, (entre outros que se contam pelos dedos das mãos e dos pés) são acusados de podridão. Ainda não foram julgados mas o facto de serem arguidos, ao facto de estarem ou terem estado em prisão preventiva leva ao «abandalhamento da justiça». [Chamem a Gestapo!]

Três televisões transformam as salas de audiência nos grandes factos nacionais meses a fio levando consequentemente a tornar o caso novelesco. Adicionalmente aos tribunais temos informação de futebol (os outros desportos ocupam 5%), e notícias avulsas vindas de fora via satélite, muitas sem interesse nenhum, onde não são necessários jornalistas: bastam tradutores ou meros interpretadores da vida que não a nossa. [Comments: 27]

O país está por de mais alienado e subvertido por um processo, o da Casa Pia, mas começou o ensaio geral com Vale e Azevedo e pela Universidade Moderna. Para tal contribuiu a estonteante forma como a comunicação social passou a tratar esses casos: envolvendo figuras públicas, nacionalmente reconhecíveis, o que proporcionou uma mais valia para o sucesso de share e da devassa da podridão. Esta última sempre existiu, existe e existirá em todos os países do mundo. [Mortal!][Afonso Henriques...papá...desde que partiste a perna nunca mais nos endireitamos!]

Portugal está no divã da agenda comunicacional há demasiado tempo e disso os conterrâneos ressentem-se, os estrangeiros passam umas sintéticas e precisas análises sobre os diversos casos e, simultaneamente, o país atrofia criando tendências suicidárias. [Nos outros países, incluindo o Tuvalu, não se passa nada disso!]

Não se trata de espalhar a mensagem de esperança ao povo Lusitano. Essa não é precisa porque existe! Há apesar de tudo um povo que trabalha, que inova, que cria, que produz. Infelizmente, esses nunca têm acesso aos meios de grande difusão como a televisão ou a rádio ou os jornais. Para estes últimos estão reservados os arguidos notáveis, os drogados, as putas, os paneleiros, os estropiados da vida, os lazarentos preguiçosos, os lé lé da cuca, toda a escumalha da sociedade tem notícia, menos alguém supostamente normal. [Catherine, Catherine!]

[Enfim...acontece e pronto!][Mas bom, mesmo bom, é a fronteira...Germano-Checa! A Questão dos Sudetas ficou sempre por resolver!][Mas isso não é nosso, que importa?]