A chamada ‘Época de Fogos’, espécie aproximativa a uma nova Inquisição a políticas e a políticos, perpetrada pela classe dominante, os jornalistas, começou. Infelizmente. A nação que arde inteira, impotentemente. Ou uma quase fatalidade,
de época.A elevada libido (de mangueira ou de microfone) quer da bombeirada quer do pseudo-jornalismo leva-nos a extremos, em directo, de imagens (térreas e aéreas) de labaredas de inferno; a entrevistas, no local, em que as pessoas mal conseguem falar devido ao fumo. O tema é recorrente e sempre se enche a emissão com ‘nada’, mas...está-se a ‘informar’: o país arde, seus cabrões, e nós temos o dever e o direito de mostrar.
O indivíduo incendiário, o louco pirómano, mentalmente afectado por esta terrível doença, deve sentir grandes emoções orgásmicas com o espéctaculo provocado, quer pelo desastre ateado, quer pelas imagens de ‘primeiro escalão’ em horário nobre, alargado a todo o dia. Alarido catastrófico potenciador de mais fogos, de mais caos.
Acção: proibição de imagens de labaredas nas televisões nacionais, quer de fogos nacionais quer de internacionais. Informavam, mas sem mostrar as serras, os campos, as estradas, as casas. «Está a arder, neste momento a Serra X; os bombeiros combatem as chamas (...)»; «Foi o extinto o fogo que assolou a localidade de Y». Mas não façam espectáculo de uma desgraça.