sexta-feira, outubro 22, 2004

Para que Maria do Carmo se abra

Se pretende que a Ministra da Educação Maria do Carmo se abra (a propósito do que realmente aconteceu nas noites que passou do Ministério à conta da lista de colocação de professores, e desta feita sem ler), deixe aqui o seu comentário, em tom de abaixo assinado.

quarta-feira, outubro 20, 2004

Deixem "encabá-la" mais um bocadinho...Bá lá!

Bem visto, bem visto, não parece que o poder que está seja substancialmente diferente dos que estiveram - tenho em mente as mais recentes aleivosias respeitantes ao problema da comunicação social.
Mas é, sem dúvida, característica dos que estão uma menor cautela: ou é a tentação inelutável de dizerem o que pensam; ou é não terem consciência do limite; ou, pior, a tentação de que podem ditar o limite.
Seja como for, creio que devemos estar agradecidos. Como qualquer criminoso profissional pode secundar, o despudor e o excesso de confiança são fatais. Neste momento, sabemos algo mais do que sabíamos, os malfeitores começam a vender-se uns aos outros.
Se temos um governo-proveta, vamos até ao fim, terminemos a experiência, e depois ... coincineração. Vamos lá ver onde isto vai, pois já sabemos que há-de rebentar - só não sabemos quando. Mas eu quero ver onde isto vai: deixem falar os rapazes, deixem acabar a confissão.

Helena Lopes da Costa dixit

Segundo Helena Lopes da Costa:
- há um "Primeiro-Ministro dos Açores";
- há eleições legislativas nas regiões autónomas;
- e "a Madeira, há trinta anos atrás, era um país pobríssimo" (ai que é dois em um - probríssimo escreve-se assim, creio ...).
Isto passou-se num frente a frente da SIC, com João Soares boquiaberto e como que adormecido. Para o estilo que se lhe conhece, dir-se-ia ter tido dó.
Mas o que é facto, é que não sou mais do que um elemento na cabala Expresso-Público-Marcelo.

sexta-feira, outubro 08, 2004

Ordem e progresso! - lembram-se?

O caso Marcelo Rebelo de Sousa é mais um dos tantos de um padrão a que nos vimos habituando. Já está analisado de trás para frente e de frente para trás; continuará à lupa; mas encaixa, realmente, num padrão – para nós – moderno: um episódio curto leva-nos à reflexão sobre o estado das fundações, sendo a dinâmica posterior a de procurar uma resolução que vá além do problema imediato (consciente ou inconscientemente). Enfim, um padrão que recorda frases do nosso imaginário, popular ou não, do tipo “a gota que faz transbordar o copo”, ou mesmo “nem mais um soldado para as colónias” (brevemente, acrescentaremos certamente outra à lista: “nem mais um jovem para o dia da defesa nacional” – contas de outro rosário; lá irei ...).
Em qualquer democracia existem pressões sobre a comunicação social, provindas dos mais diversos focos de poder, e com particular intensidade do poder económico e do poder político. Qual delas a pior, venha um ministro e escolha, tanto mais que andam sempre associadas e normalmente uma pressiona pela outra. Isso não é, pois, mais preocupante hoje do que ontem.
O que é mais preocupante hoje do ontem é a falta de noção – noção essa que é inevitavelmente cultural e moral – por parte dos titulares do poder político, do que deve ser efectivamente o poder político. Se o poder económico não tem questões de esquizofrenia para resolver (vive, pois, em paz consigo mesmo e dorme bem), o poder político deve tê-las, sendo suposto que tenha insónias.
É evidente que a nossa democracia está doente, como tantas outras, e que casos como este não podem ser minimizados, não apenas pelo que são mas também pelo virão a ser if unchecked. E não é, naturalmente, pelo facto de já termos tido sarampo que nos preocupamos menos em ter papeira em adultos caso a não tenhamos tido quando crianças, muito pelo contrário.
Se se vier a demonstrar aquilo de que se desconfia, e independentemente das intenções do Professor – de más e boas está isto cheio -, governo abaixo. E abaixo o seguinte se necessário for. Sempre soubemos, no fundo, que havíamos de aqui chegar.

Ai vamos ao buraco, vamos ...

A proporção nas taxas moderadoras; a proporção no pagamento de portagens; a da representação do Governo no Parlamento; a proporção no pagamento dos passes sociais: quem esteja pouco atento pode até ser levado a crer que vivemos um tempo marcado pela igualitarização e pelo ideal de abolição ou aproximação de classes, pois se os que têm muito pagam mais que os outros, em algum momento estaremos todos equiparados na nossa riqueza – é o princípio dos vasos comunicantes.
Brevemente, neste trilho, não só cada um receberá de acordo com a sua efectiva produtividade – o que está tão na moda do discurso governativo – como haverá justiça social transversal: nos livros, preços para ricos e preços para pobres; nos discos, preços para os que têm mais e preços para os que têm menos; nos hotéis, preços para os que ganham mais e preços para os que ganham menos; e, algum dia, na bica, preços para os que produzem mais e preços para os que produzem menos.
Sucede que não é nisso que se traduz a justiça social, como se pretende fazer crer. Sucede que a justiça social não começa na promessa do éden aos escravos.
Sucede que é na promessa de roubar aos ricos para dar aos pobres que começam os pobres a ser roubados: porque os pobres lá têm as suas riquezas e os ricos as suas pobrezas; mas como para igualizar é preciso roubar a riqueza onde quer que ela exista, lá estão os pobres mais roubados que os ricos. E não é por isso que roubar aqui é melhor que roubar ali. No fundo, se os ricos ficarem mais pobres, os pobres não ficam mais ricos, mas tão só mais acompanhados. E talvez mais doces de governar, pelo menos na miragem ...