sábado, agosto 30, 2003

Compro

Estou a pensar em comprar uma casa em frente ao CEJ e arrendar à época ou para curtos períodos.
Aceitam-se interessados no negócio (para a compra e não para o arrendamento, evidentemente - para este já sabemos que há muitos).
Possibilidade de disfrutar de vista para celebridades algemadas.
Aos potenciais arrendatários: agarrem a oportunidade logo que aqui recebam notícia da compra. É que quando as celebridades algemadas forem administradores de televisão (e não apenas aqueles cuja cara costuma aparecer) as rendas subirão, claro. E vão subir, desconfio (ou desejo?).

segunda-feira, agosto 18, 2003

Como vai essa saúde ... hips!?

Entre uma féria e outra, não resisto a um pequeno post. Ao que parece (e parece no Expresso), os hospitais privados (ou alguns, pelo menos) contratados para a empreitada de cirurgias que se destina a acabar com as listas de espera, não conseguirão dar conta do recado.
Como qualquer bom e previdente prestador de serviços ao Estado, pensam agora na subcontratação. Até aqui tudo bem (ou pelo menos, vulgar). O estrondo está na identidade dos (em vias de, pretendidos ou simplesmente falados) subcontratados: os nossos hospitais S.A. Sendo "entidades privadas" e com "valências" hospitalares, haveria melhor parceiro privado do Estado - de segunda linha - que um "público que afinal não é público é privado mas que em última análise é público mas sendo privado pode ser contratado por privados para fazer aquilo que devia ser o público a fazer mas como não consegue contrata privados que contratam outros privados que afinal são públicos e não privados porque é melhor o público ser privado para poder contratar privados que em última análise são públicos"?
Mas não pensemos mais no assunto. Quando voltarmos de férias já se saberá de novas prisões preventivas, e estará para sair o livro branco dos incêndios. Isto dos hospitais ..., bom, talvez volte a falar-se lá para o S. Martinho. Se entretanto ninguém for preso, claro.

terça-feira, agosto 12, 2003

Portugal em "safe mode"

Portugal está completamente embevecido pela ideia de “pensar”. Vox populi: “pensar a escola”, “pensar o Estado”, “pensar a Europa”, “pensar as estruturas decisórias”, “pensar com este calor ...”. Curiosamente, são poucos os momentos em que nos organizamos para pensar – nomeadamente, se tivermos em conta a quantidade de reptos diários para ... pensar.
Mas mais do que pecar por ausência de “mesas redondas”, pecamos por falta de implementação prática das nossas próprias conclusões. Tal ambiente, em redondel, faz com que as próprias conclusões do pensamento comecem a ser inconclusivas, porque já perspectivamos a ausência (por dificuldade) da prática. E, portanto, podemos até dar-nos ao luxo de não ser conclusivos.
Teoria não é apenas pensamento. Teoria é pensamento com vocação prática. E prática não é acção desligada da teoria: isso é mecânica. A capacidade do “porquê” não pode surgir desligada do “para quê”, nem da energia do “como”. Para nós, esse é um problema virulento, e a teoria dos climas não nos apresenta justificação. A debelar.
(continua)

segunda-feira, agosto 11, 2003

«Boa Vontade»

"Os eternamente constantes e simples
Não suportam de boa vontade as nossas dúvidas.
O mundo é plano, explicam-nos simplesmente,
E disparates as sagas dos abismos.

Pois se mais dimensões de facto houvera
Além das duas boas e velhas conhecidas,
Como podia alguém estar seguro em sua casa,
Como podia alguém viver sem cuidados?

Para que haja alguma paz portanto,
Deixa-nos pois riscar uma dimensão!

Como os constantes são mesmo honestos
E a visão dos abismos muito perigosa,
Dispensar-se-á então a terceira dimensão."

[Hermann Hesse]

sexta-feira, agosto 08, 2003

Asno Passadismo

A gesta do pasquim da Avenida da Liberdade continua. É caso para afirmar que naquelas paredes do papel centenário o directório linguajeiro e verborreico é mesmo o do «charlatanismo de pacotilha». Ora escreve um, ora escreve outro, e com esta ideia pseudo primeiro-mundista lá nos querem passar sempre a ideia de um povo atrasado e burro.

Escreve o articulista António Ribeiro Ferreira, iluminado ainda que apenas pela velinha corporativista, que os peditórios e as ondas de solidariedade que os Portugueses estão a mover para ajudar a tragédia dos incêndios são, e passo a citar:

«(...)marca nacional, bem enraizada, que resiste a tudo e todos, até à globalização, e que ninguém tem a coragem de eliminar de uma vez por todas da sociedade(...)»


«(...)a multiplicação de iniciativas desta natureza, tantas vezes acarinhadas por entidades oficiais, é um sinal de atraso de uma sociedade que nem consegue dar respostas organizadas e eficazes a tragédias, sejam naturais ou não. Já vai sendo tempo de se acabar com o culto da pedinchice no Portugal do século XXI.»

1. Esta é a perspectiva duma visão do Estado omnipotente e omnipresente onde não há espaço para associações de indivíduos se organizarem fora do crivo centralizador estatal: é própria de regimes totalitários e exemplos históricos abundam mormente a Leste da Europa; mas como estamos em Portugal esta é também, paradoxalmente, uma ideia salazarista onde ninguém se pode mexer para nada pois só o Estado pode actuar: a peçonha continua empregnada em muitas mentalidades que pensam que o Estado é o grande salvador da pátria. A resposta a estas ideias foram 5,000,000 de Portugueses que emigraram.

2. Por outro lado, em Portugal, o Estado nunca conseguiu dar uma ajuda eficaz aos emergentes problemas, muito menos sem a colaboração estreita da sua população. Afirmação básica mas necessária para o articulista: fazem parte do Estado a População, o Território e o Direito. Para além do mais está provado que quanto mais a livre iniciativa aflora na sociedade (isto é: se torna menos estatizante), mais desenvolvida consegue ser: a falsa pretensão que o Estado consegue resolver tudo está gasta e há muitos anos.

3. Ao «culto da pedinchice» chama-se noutros países «solidariedade», «financiamento», «ajuda humanitária», ou se quiserem ainda «fundo estrutural». Nos Estados Unidos da América, os candidatos presidenciais (republicano e democrata) fazem essa pedinchice para patrocinarem as suas campanhas eleitorais; no Reino Unido ainda há pouco na Sky News vi a Cancer Research UK estar a pedinchar para conseguirem combater melhor o flagelo; na Alemanha, na França, no Canadá, no Japão, etc. a toda a hora aparecem pedinchices que concomitantemente com as entidades estatais ajudam os países a serem considerados desenvolvidos, Primeiro Mundo. Na opinião do articulista isso só nos rebaixa e só nos atrasa.

4. Os bombeiros. Estas são as associações que ainda não estão completamente politizadas e estatizadas para ainda funcionarem como deve ser e os únicos a irem para o terreno salvar vidas e bens. Quando o Estado e os políticos intervêem tudo fica estragado: veja-se a polémica da nomeação do director do Serviço Nacional de Bombeiros. Os bombeiros a mil custos privados e pessoais e nunca estatais ainda vão mantendo um dos melhores serviços públicos de Portugal, portanto faça o favor de não dizer alarvidades.

Foi por estas e por outras que deixei de comprar o Diário de Notícias, já vai para muito.

terça-feira, agosto 05, 2003

Terra para os olhos

«Incêndios
Não houve cortes na prevenção, diz Durão. Há pouco, o Primeiro-ministro garantiu que este Governo não decidiu qualquer corte nas verbas destinadas à prevenção dos incêndios.»


«Sobre as notícias saídas nos últimos dias sobre o corte das despesas na prevenção, Durão Barroso desmente veementemente.

"São mentira! (...) O Governo aumentou muito a ajuda através das associações. Não houve um único fogo este ano que não tivesse sido detectado através do sistema de prevenção que está montado. A Direcção Geral de Florestas este ano funcionou perfeitamente".»


Atente-se na pesquisa feita aqui no Periscópio-Quatro, «Mínimo Ético» posted Segunda-Feira. Lindo!

CNN

Agora que a notícia já chegou à América, e através desta ao mundo, será que o W. Bush vai providenciar alguma ajudinha ao seu amiguito Jose of Portugal?

As Espanhas

Existe na comunidade blogue um sitio dedicado à Guerra Civil Espanhola. Quem de interesse nos assuntos da nossa vizinha é favor visitar, talvez valha a pena.

Os Portugueses já sabiam

«At age 23, Melanie Griffith was hit by a car on Sunset Boulevard, Los Angeles; according to the attending medics, she would have died had she not been drunk.» Podem confirmar aqui. E deve ser válido para pedonais como condutores?!

Os Portugueses, os melhores condutores de automóveis do mundo, já sabiam destes factos associados à bebida. Devido ao mau estado das estradas e da sinalização insuficiente precaveram-se e, não fosse haver algum acidente, cruzes canhoto!, tomavam uns bagaços para a viagem. Hic!

segunda-feira, agosto 04, 2003

Caminhar Nas Brasas

E já agora: onde anda aquela cambadazita de vários partidos, eleitos por circulos distritais, que supostamente representam populações, que se dão pelo nome de deputados?

Dão-se alvíssaras a quem encontrar algum nos distritos correspondentes e onde hajam fogos.

Outros Factos de Fogos Não Fátuos

Os Bombeiros Voluntários de Colares (assim como os Bombeiros Voluntários de Almoçageme), instituições centenárias, agentes principais da prevenção e combate aos fogos na serra de Sintra e demais freguesias, no transporte de doentes e no salvamento a situações perigosas, sempre receberam pouca ajuda estatal. (Estou a relatar e não a lamentar um facto).

As suas viaturas, as suas instalações e todo o seu equipamento variado sempre foram erigidas, adquiridas e mantidas devido à carolice e voluntária atitude que ao longo de decénios existiu. Ora com dádivas da população, ora com festinhas e quermesses várias conseguiram, a muito custo, apetrechar as suas instituições com meios suficientes para as tarefas exigidas. Ultimamente (desde há dez anos, talvez) têm recebido, assim como outras instituições por esse Portugal fora, viaturas de transporte e de combate. Essas ajudas estatais representam talvez dez por cento das suas reais necessidades sendo que a restante é colmatada como já referido.

Parece-me pouco para quem sacrifica a vida em socorro do povo e do território. Mas não iremos por aí: não tenho uma visão subsídio-dependente do Estado e gosto que essas instituições mantenham a sua independência política. Por si só a manutenção de associações apolíticas é uma garantia para o seu melhor funcionamento e organização. O problema é sempre a verba, mas o Estado também nunca a tem. A tendência, quando existe alguma disponibilidade financeira, é sempre para um certo esbanjamento em áreas pouco necessárias (nem vou referir exemplos: toda a gente imediatamente pensou em dez casos).

Ora acontece o seguinte: a corporação de Colares, apesar de já usufruir de instalações razoáveis, pretendia investir no alargamento dessas mesmas. Não pode. Apesar de deter terreno disponível para tal, os entravamentos camarários negam tal intenção. A questão reside na proximidade do ribeiro e consequente zona de protecção contra cheias, bem como não estar contemplado em Plano Director Municipal qualquer edificação para aquela área. Percebe-se, embora não se concorde, essa política para para fins privados, mas para uma instituição de cariz associativo de ajuda à comunidade, e ainda por cima centenária?

Não admira que tenhamos de nos socorrer de Italianos, Chilenos e Espanhois quando estes, por solidariedade e remuneração não muito baixa, nos prestam a sua ajuda sempre útil em estados de calamidade. Até parece que gostamos de nos sentir como o desgraçadinho a quem acontece tudo. Mas quando alguém vem de fora pode fazer e exigir aquilo que quiser. Os Portugueses que querem realizar alguma coisa é-lhes sempre fechada a porta.

BSA

sábado, agosto 02, 2003

Fogos Não Fátuos

Durante esta época veraneia em que milhares de conterrâneos acodem às praias para se banharem nos esgotos produzidos durante todo o ano, existem outros milhares que acorrem às serras para regarem as labaredas incandescentes dos múltiplos fogos.

Como não podia deixar de ser a comunicação social e os responsáveis públicos pululam de fogo em fogo na procura de causas e culpados vários para a dizimação ardente do território e do chamado ouro verde, que ainda vamos possuíndo.

Estranho é que apenas se discuta os meios de combate aos fogos enquanto tudo arde lá fora. Aborda-se também porque não existe uma mais apertada vigilância às florestas Portuguesas e fala-se que seiscentos mil proprietários privados não estão isentos de culpa.

Mas a realidade pode ser bastante difusa: quando nesta altura se crucifica o Ministério da Administração Interna deve-se todavia atentar, durante todo o ano e agora também, para outros departamentos: Ministério do Ambiente e Ministério da Agricultura.

O que é facto é que estes dois últimos criam figuras jurídicas, muitas sobrepostas umas às outras, que consequentemente tornam o território inoperante e abandonado, elas são: Reserva Ecológica Nacional, Reserva Agrícola Nacional, Rede Natura (esta de Bruxelas), Parques Naturais e Nacionais, Parques Florestais, etc, etc.

Exemplo: Parque Natural de Sintra-Cascais. Fazem-se inúmeros estudos da flora e da fauna ao mais ínfimo pormenor mas a componente humana que sustentou este durante milhares de anos é totalmente ignorada. Para todos os efeitos a acção do Homem na visão dos iluminados representantes do Instituto de Conservação da Natureza (Instituto dependente do Ministério do Ambiente) é execrável, incipiente e pretenciosa.

Sou completamente a favor da existência de Parques Naturais e mormente daquele referido. Posso dizer que conheço, senão palmo a palmo, pelo menos passo a passo ou pedalada a pedalada. Esses ilustres senhores não o conhecem: elaboram planos de régua e esquadro fechados em gabinetes com ar condicionado e o resultado, excelente ou péssimo, vincula todos os demais.

Conhecendo eu e amando eu este território, como disse, estou à vontade para dizer: na floresta da serra e no pinhal da planície, em Sintra, aquilo que encontramos com mais facilidade é lixo, lixo e mais lixo. Simplesmente pasmo, por vezes: sofás velhos, colchões, armários, latas de tinta, entulhos vários, carcaças de automóvel, pneus, etc, etc. Noutra vertente as fogueiras das sardinhadas em qualquer local dão origem ainda a mais lixarada e fogos outros.

Para além disso a limpeza terrena de todo o combustível fossil deixou-se praticamente de fazer. Antigamente grupos de indivíduos passavam meses a fio a retirar todo esses depósitos provocados pela existência de árvores. A isso chamava-se prevenção de fogos e era feito no Inverno. Hoje essas práticas deixaram-se de realizar. Mas expliquemos porquê.

Meu conhecido X., morador em Y., perto de Sintra, chamou o comandante dos bombeiros locais para averiguar da sua segurança no que respeitante a fogos na zona. O bombeiro ao verificar a sua proximidade com vastos pinhais abandonados afirmou que este vivia «junto de um fogareiro». Esse meu conhecido prontificou-se, às suas custas pessoais, a limpar o seu terreno e os dos seus dois vizinhos contíguos para, na sua consciência, deixar de viver perto de «fogareiros».

Quando já estava tudo mais ou menos acertado com pessoal para essa tarefa de limpeza surgem elementos pertencentes ao Parque Natural afirmando que «se tocava num metro quadrado para essa limpeza seria evidentemente multado». Tudo bem, é preciso autorização prévia, pensou. Requereu essa mesma. Passados dois anos ainda está à espera. Continua a viver no tal «fogareiro».

Infelizmente exemplos como este abundam, similares ou não, o problema é sempre o mesmo: inoperância da administração nacional e local na real prevenção do seu território e população. A burocracia e a falta de vontade de muitas instituições públicas aniquilam as sinergias locais.

Não admira portanto que o Inferno suba à Terra sob a forma de fogo: o Paraíso está a dormir.

BSA

sexta-feira, agosto 01, 2003

Com amigos destes

Figueiredo Lopes, ministro da Administração Interna, em visita aos gnr's e psp's em instrução que vão para o Iraque, teve uma daquelas brilhantes ideias que fazem parte da condição de sermos Portugueses.

Lembrou-se ele de aconselhar os ditos, que uma vez estando em terreno Iraquiano, referissem que estavam ali como «amigos» e «vinham da terra do Figo» e, portanto, não haveria razão para escaramuças nas decorrentes entrevistas internacionais.

Bem sabemos a indignação de Figueiredo Lopes: se houver uma unha encravada de algum Lusitano em terras mesopotamas o espírito de Nabucodunosor encarrega-se imediatamente de fazer rolar a sua cabeça política.

Mas naquela região não somos primeiramente conhecidos devido ao Figo. Somos mais conhecidos por comerciantes de figos secos e outras iguarias! Ormuz está bem presente na história daqueles povos e, se bem se lembram, na altura éramos primeira potência mundial e também nós invasores.

Igualmente cumpre registar que, apesar dos nossos esforços junto das entidades competentes, não conseguimos confirmar se Donald Rumsfeld aconselhou os enviados estado-unidenses a dizer que «vinham da terra do Mike Tyson».