sábado, janeiro 07, 2006

De Mais

«Pelo menos nas Avenidas Novas, o João César Monteiro era uma personagem célebre. Com o seu corpo frágil, o seu nariz imenso e as suas costas curvadas, parecia uma galinha. As histórias que sobre ele corriam não tinham fim. Dizia-se que, em miúdo, fora expulso do Colégio Moderno por ter colocado um pintelho num ovo estrelado cujo destinatário era o Dr. Mário Soares, o dono do estabelecimento. A certa altura, tão graves se tornaram os seus problemas que acabou internado no Hospital Júlio de Matos. Quando o conheci, andava a fazer um documentário sobre a Sophia de Mello Breyner. Quando os amigos viram os rushs, ficaram aterrados, pois o filme continha mais planos sobre o umbigo da filha mais velha do que sobre a poetisa.»

[in 'Bilhete de Identidade', de Maria Filomena Mónica]

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Recordo com saudade a imagem da rapariga agarrada a um instrumento de sopro, enquanto se ouviam as palavras: "clarinete, clarinete, clarinete". A apologia do sexo nas mais variadas formas, agregada ao sentido do devir. Eis pois a herança daquele a quem chamavam louco.
Rocinante

9:03 da manhã  
Blogger Mónica said...

boa!

8:31 da tarde  

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