domingo, julho 20, 2003

Prevenções

Notícia de sexta-feira última de um popular(ista) jornal diário: ‘Masturbação evita cancro [da próstata]: ejacular mais de cinco vezes por semana reduz o risco da doença em um terço’. A fonte geradora desta notícia foi um estudo efectuado na Austrália envolvendo dois mil homens.

Especifiquemos: ‘o efeito preventivo da ejaculação frequente impede o esperma de se acumular nos canais da próstata, onde se pode tornar potencialmente cancerígeno’, afirma Graham Gilles, o investigador do Conselho do Cancro do Estado de Victoria. A intrincada questão parece residir no facto deste estudo estar apenas relacionado com a masturbação e não com relações sexuais (seja de que tipo for).

O presidente da Sociedade Portuguesa de Urologia, Manuel Mendes Silva, confrontado com o estudo, afirma: ‘Não conheço [o estudo Australiano] mas nunca ficou provada a relação causa/efeito entre a vida sexual e o cancro da próstata, mesmo em investigações envolvendo padres’. Ficamos algo tranquilos mas...que têm os padres a dizer?

Segundo informação do mesmo jornal está o facto de, em Portugal, o cancro da próstata ser a segunda causa de morte dos Portugueses. Em primeiro lugar encontra-se o carcinoma do pulmão. Algo se associa, perguntam os mais incautos: será que temos de deixar de fumar tanto e masturbarmo-nos mais?! Se se trata de 'acumulação' nos canais da próstata então as relações sexuais também resolveriam a situação, não é assim? Segundo o estudo, parece que não.

Dadas as informações da doença em Portugal, urge questionar se não nos andamos a masturbar pouco? Mas verificando a primeira causa de morte talvez tenhamos a resposta: não nos masturbamos mas mantemos intensa actividade sexual pois a posteriori podem estar associados (também intensos) cigarros, ou não? Ou a solução, se este estudo for de facto relevante, é reduzir a actividade sexual para aumentar a masturbação?!

Lançamos também daqui o repto ao Presidente da Sociedade Portuguesa de Urologia para a publicação das investigações efectuadas em padres e, já agora, o que pensa a tutela clerical dessas mesmas. Bem sabemos que essas investigações devem ter partido do pressuposto que os padres não mantêm relações sexuais, mas sugerindo todavia que se masturbam. Perguntamos: na doutrina canónica não é uma e outra coisa considerada pecado?

BSA