quarta-feira, julho 23, 2003

Ginastas Lusos

Toda a gente tem visto, mais não seja pela televisão, os ginastas de múltiplas nacionalidades que têm desempenhado actividades desportivas pela Lisboa fora (e dentro), através do evento chamado Gymnaestrada. Montou-se o arraial como costumam os portugueses fazer sempre que aparecem iniciativas «vindas de fora». Tudo bem, até apoio esta exibição internacional.

O mais chocante foi ver inúmeros atletas dessa iniciativa rumarem ao Centro Comercial Colombo para, aí nesse templo labiríntico, exibirem os seus dotes de ginasta praticados desde tenra idade. Muitos desses praticantes afirmaram que era a primeira vez que faziam actividades desportivas em centros comerciais. Pudera: na terra deles não há loucuras destas! Mas aterrando cá o provincianismo faz questão de exemplificar a estultícia nacional.

Choca-me mas não me espanta: o desporto preferido e praticado pela grande maioria dos lusos atletas é passear-se nesses novos «passeios públicos» para olhar para aqui, olhar para ali, sobe escada rolante, desce elevador, etc., tudo em honra de São Belmiro. Outros ainda preferem a iniciativa desportivo-cultural do «croquete e do copo de vinho» entrementes umas anedóticas asneiradas.

Mas a culpa não é do povo. A responsabilização por esta fadiga desportiva é sempre dos inúmeros e sucessivos governos, democráticos e/ou não democráticos, esquerdosos e/ou fachos, tanto importa, que nunca investiram numa séria política de desporto para a população, incentivando e dando condições públicas logo desde os infantários. A opção neste país nunca é o investimento a longo prazo na sua massa critica mas sim o efeito imediato da obra feita. A política do «elefantismo branco»!, e através deste paradigma bacoco gastamos milhões e milhões e mais milhões. Tudo ineficazmente.

Tudo mas tudo quando o essencial era a população fazer desporto. Mais nada.

BSA