Utopia Africana
Toda a gente tem visto, através dos múltiplos meios de comunicação social, o que se está a passar na Libéria. Impressiona, por demais, ver indivíduos com a cabeça decapitada (e às centenas) pela catana, na mão dos agressores. Sensibilidades aparte: bem vindos à África sub-saariana. Não me vou alongar no que se está a passar hoje na Libéria: quem quiser pode consultar várias fontes informativas. Hoje é o resultado de ontem.
Mas, atitudes de catanada vária, isso faz parte da própria antropossociologia da África Austral, a África negra. Tudo perfeitamente normal. A presença do branco, com mais intensidade a partir da Conferência de Berlim do Século XIX, é que foi a maior catanada que alguma vez África sofreu e a alteração profunda dessa normalidade. A catanada de ontem deve impressionar mais que a de hoje.
Aquele que escreve e aquele que lê (neste post-moderno meio, blogueira maneira): é culpado. O famoso fardo, esse mesmo mas inversamente, está nas costas do «preto» e foi colocado pelo «branco».
Fiquemos apenas pela Libéria. Esta tem a sua curiosidade suprema no facto de ter sido o primeiro Estado independente de África, em 1822, e único a ser colonizado pelos Estados Unidos da América no continente africano. Nem mais! Daí também que a sua capital Monróvia derive do Presidente norte-americano, James Monroe.
Todavia esta colonização só podia ser mesmo à Americana: não foram em gestas messiânicas ou de novas descobertas ou ainda com intuitos comerciais mas, isso sim, na premência da resolução de problemas internos dos latifundiários esclavagistas do Sul. Por um lado, criava-se um Estado em África para todos os novos escravos livres e, por outro, retirava-se alguma insatisfação pouco conveniente a nível interno (não esqueçamos igualmente que só em 1864 Abraham Lincoln decretou a abolição da escravatura!).
Esta colonização de um novo «Estado livre africano» foi portanto um eufemismo para despachar aqueles negros que não queriam trabalhar como escravos, aquela velha máxima também Portuguesa do «volta para a tua terra», e essa era África.
O resultado hoje da chacina está portanto relacionado com um Estado também criado à força e contra os autóctones, que só por serem de raça negra, pensaram Americanos e Europeus, pertencem à terra mãe África. Esqueceram-se das cerca de oito mil etnias, todas com suas tradições diferentes, línguas e dialectos riquíssimos (alguns mesmo sem escrita). Eles, que inventaram o seu Estado para a sua Nação, esqueceram-se desse pormenor na hora de criar realidades políticas, artificiais e imaginadas, para outros.
Contra o paternalismo do fardo convém aos demais leitores do Periscópio-Quatro não virar a cara quando virem nos noticiários a cabeça de alguém na mão de outro e pensar que tal só é possível em África e com Africanos. Nada mais falso: lá como aqui a chacina é igual. Nesse território as mãos de Europeus e Americanos também estão - e muito - sujas de sangue. A Libéria é apenas um exemplo, hoje na berlinda.
BSA
Mas, atitudes de catanada vária, isso faz parte da própria antropossociologia da África Austral, a África negra. Tudo perfeitamente normal. A presença do branco, com mais intensidade a partir da Conferência de Berlim do Século XIX, é que foi a maior catanada que alguma vez África sofreu e a alteração profunda dessa normalidade. A catanada de ontem deve impressionar mais que a de hoje.
Aquele que escreve e aquele que lê (neste post-moderno meio, blogueira maneira): é culpado. O famoso fardo, esse mesmo mas inversamente, está nas costas do «preto» e foi colocado pelo «branco».
Fiquemos apenas pela Libéria. Esta tem a sua curiosidade suprema no facto de ter sido o primeiro Estado independente de África, em 1822, e único a ser colonizado pelos Estados Unidos da América no continente africano. Nem mais! Daí também que a sua capital Monróvia derive do Presidente norte-americano, James Monroe.
Todavia esta colonização só podia ser mesmo à Americana: não foram em gestas messiânicas ou de novas descobertas ou ainda com intuitos comerciais mas, isso sim, na premência da resolução de problemas internos dos latifundiários esclavagistas do Sul. Por um lado, criava-se um Estado em África para todos os novos escravos livres e, por outro, retirava-se alguma insatisfação pouco conveniente a nível interno (não esqueçamos igualmente que só em 1864 Abraham Lincoln decretou a abolição da escravatura!).
Esta colonização de um novo «Estado livre africano» foi portanto um eufemismo para despachar aqueles negros que não queriam trabalhar como escravos, aquela velha máxima também Portuguesa do «volta para a tua terra», e essa era África.
O resultado hoje da chacina está portanto relacionado com um Estado também criado à força e contra os autóctones, que só por serem de raça negra, pensaram Americanos e Europeus, pertencem à terra mãe África. Esqueceram-se das cerca de oito mil etnias, todas com suas tradições diferentes, línguas e dialectos riquíssimos (alguns mesmo sem escrita). Eles, que inventaram o seu Estado para a sua Nação, esqueceram-se desse pormenor na hora de criar realidades políticas, artificiais e imaginadas, para outros.
Contra o paternalismo do fardo convém aos demais leitores do Periscópio-Quatro não virar a cara quando virem nos noticiários a cabeça de alguém na mão de outro e pensar que tal só é possível em África e com Africanos. Nada mais falso: lá como aqui a chacina é igual. Nesse território as mãos de Europeus e Americanos também estão - e muito - sujas de sangue. A Libéria é apenas um exemplo, hoje na berlinda.
BSA
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